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O que podemos fazer contra as fake news?

Por 10 de fevereiro de 2021Assuntos Gerais

Muitos se perguntam: por que, mesmo com todos os meios de comunicação informando sobre a pandemia, as notícias falsas – as famosas fake news – ainda circulam e continuam fazendo a cabeça de muitos? Essas notícias têm vitimado pessoas e tem desestruturado o núcleo familiar.

Esse cenário tem nome e método, é a chamada Pós-verdade. Na Pós-verdade, a tecnologia trabalha coletando nossas informações, criando bolhas e moldando comportamentos. Moldando comportamentos? Sim, mexe com o psicológico, dando prazer a cada click, e o ser humano é peça chave nesse processo. Compreender que a sociedade está sob essa influência e entender seu mecanismo para modelar a opinião pública podem ajudar no debate, para que todos possam aprender e evoluir, e não para vencer uma discussão.

As notícias falsas são para desinformar, causar desconfiança e manipular. Para ter liberdade de pensamento, só checar as fontes ainda é pouco. Até porque essa estratégia de divulgação de notícias falsas se multiplica, vem em vários formatos (vídeos, memes, noticias, contexto, data, etc) e nem precisa necessariamente ser uma mentira. É fundamental entender como a Pós-verdade atua e procurar formas de furar essa bolha, antes que a civilidade entre em choque.

Notícias falsas existem desde a Grécia antiga, o que mudou no mundo é a tecnologia, presente em nosso dia a dia, na palma da mão, e onde a narrativa está no controle de quem consegue engajamento.

Abaixo, algumas formas de lidar com notícias falsas.

1 – Teorias da conspiração: os caça-clicks divulgam essas teorias para conseguir visibilidade e popularidade. O clickbait é uma tática usada na Internet para gerar tráfego on-line, por meio de conteúdos enganosos ou sensacionalistas. Ex.:todo mundo sabe que a Terra é redonda, mas dizer que a Terra é plana atrai mais clicks e dinheiro através da monetização de canais. Isso vale para notícias falsas e polêmicas. Se tiver traços de sensacionalismo, desconfie do conteúdo.

2 – Espiral do silêncio: pessoas que têm opiniões diferentes da maioria tendem a se calar. Observe se você não está com a maioria, impulsionando informações dentro de uma bolha. A bolha onde todos têm o mesmo perfil, também é terreno fértil de piadas que têm intenções de riso, mas também têm potencial de desenformar e viralizar.

3 – Ativar preconceitos: muitas notícias falsas são criadas para dividir a sociedade, despertando a intolerância e ativando o preconceito nas pessoas. Dentro de uma bolha, em que todos pensam igual, sem exposição de opiniões contrárias, o nosso comportamento vai se tornando cada vez mais radical. Ouvir o outro lado, ler várias opiniões e revisar seu preconceito e suas crenças fixas são formas de não cair nesse tipo de armadilha. A paz é mais importante, em casa e na sociedade.

4 – Valorizar especialistas: matérias falsas procuram o convencimento através de especialistas que nunca existiram. Por exemplo, a expressão “Especialistas dizem…”,ao não identificar o pesquisador, abre espaço para que seja qualquer um. É necessário informar quem é o especialista e de qual instituição é a pesquisa. A Ciência tem método, trabalha com evidências e o currículo de um especialista pode ser consultado pelo lattes. Em caso de dúvidas, confie na Ciência.

5 – Desprezo pela verdade: para grupos dominantes, manter a população confusa e desconfiando uns dos outros, é vantajoso. Distraem-nos com polêmicas inúteis, desviando o foco de assuntos que realmente interessam à sociedade. Verifique se quem está compartilhando as informações é ligado a uma figura ou a um grupo político, compare o poder aquisitivo dela com o seu, e se isso influencia sua opinião e dos demais. Embora sejamos servidores públicos, é importante se reconhecer como parte da classe trabalhadora.

6 – Banalização da verdade: receber a informação falsa e compartilhar, assim mesmo, é uma atitude irresponsável e fragiliza a democracia. Recentemente, tivemos o caso de uma mulher que fez um vídeo em Minas Gerais dizendo que caixões estavam sendo enterrados com pedras. Esse vídeo gerou a contaminação de pessoas que abriram caixões de mortos pela Covid-19. Ela é responsável porque fez o vídeo, mas sem compartilhar, essa informação não teria causado tanto estrago.

7 – Insinuações: não é necessário divulgar notícia falsa, basta insinuar e nosso cérebro usa a função “autocompletar”, deduzindo e tirando suas próprias conclusões. Isso acontece com vídeos que são editados, tirados de contexto de forma intencional e compartilhados nas redes. Procure o vídeo na íntegra, no Google, no YouTube ou nas agências de checagem (estão no final do texto).

8 – Conteúdo impulsionado: outra forma de disseminar informações falsas é pagar para impulsionar conteúdo. O algoritmo coleta suas informações e te oferece outras informações semelhantes, financiados por alguma empresa. Influenciadores digitais também são pagos para impulsionar conteúdo falso que beneficiem um indivíduo ou grupo. Isso vale, também, para a promoção de uma marca ou de um produto.

9 – Linchamento virtual: uma atitude ou frase colocada fora de contexto pode levar ao linchamento, com as ameaças na internet chegando a sair do mundo virtual e indo para a vida real. Essa conduta indica a falta de letramento digital e a dificuldade de analisar fatos, além de ser muito perigosa. Os servidores públicos vêm sendo linchados há décadas. Em decorrência disso, a sociedade acaba ficando contra o servidor, num jogo em que os dois lados perdem.

10 – Maria-vai-com-as-outras: o “efeito manada”acontece quando todos se comportam da mesma forma, de forma irracional, pressionados por um grupo. Para não seguir o fluxo imposto pela decisão dos outros, use o discernimento e veja se não está agindo por impulso. Nesse caso é melhor estar fechado com a verdade.

11 – Idosos: esse grupo é o mais vulnerável a notícias falsas, pois nem todos são nativos da era digital. Estão adaptados à tecnologia, mas é preciso exercitar a análise das informações recebidas e buscar conhecer deepfakes.

12 – Discurso de ódio: muitos chamam de “mimimi” ou de “discurso raiz” para justificar atitudes de preconceito, intolerância e xenofobia. Quando se trata desse discurso temos que ser coesos no respeito ao que consideramos diferente, no nosso íntimo. Nenhuma religião, raça, gênero, partido político, etc., que seja diferente da sua, é melhor ou pior, nem lhe dá o direito de maltratar, coagir, destruir a reputação ou ameaçar seu semelhante. Ser “raiz” não é ser preconceituoso e, sim, valorizar as coisas da terra.

13 – Verdade mutável: para a Ciência a verdade é mutável. O pesquisador prova uma teoria e surge uma nova dúvida para uma nova teoria. Assim, também o é, na pandemia. O tratamento eficaz cabe à Ciência. O importante é salvar vidas. Todo o debate sobre o que é melhor para combater a Covid-19 cairá por terra assim que a vacina for descoberta. O resto será parte do contexto histórico desse momento.

14 – Comunicação não violenta: quando estiver lendo uma opinião, mesmo que raivosa e contrária à sua, lembre-se de que se trata de uma necessidade não atendida, que a pessoa não está sabendo se expressar, corretamente. Não entre nesse jogo violento.

15 – Detox: silencie grupos para não ficar à disposição. Domine a tecnologia para seu bem estar, usando para leituras, receitas, vídeo-chamada com amigos e familiares, exercícios, etc.. Para se manter fora das redes, faça uma horta na varanda, adote um animal, mude os móveis de lugar, leia livros que abandonou, cozinhe para quem você ama. Ocupe-se, saudavelmente.

Essas são algumas formas de analisar as informações recebidas. Se as informações propagadas não fazem bem ao coletivo, seu propósito deve ser questionado. O que se propõe, aqui, é mais do que saber reconhecer uma notícia falsa. É uma proposta de mudança de cultura, de mudar sua atitude diante das informações que recebemos, diminuindo a desconfiança entre nós para que ela pare de canalizar nossas energias e, assim, de nos colocar uns contra os outros. Uma forma de agir com a tecnologia sem que ela se sobreponha à nossa vontade.

Diretoria Executiva da Assin

 

Para Assistir:

– Privacidade Hackeada

– A Onda

Para Ler

https://nebulosabar.com.br/tiras/19/

Agências de Checagem

– Agência Lupa

– Apublica

– Bot ou humano

Fontes:

SANTAELLA, L. A pós-verdade é verdadeira ou falsa? Barueri: Estação das Letras e Cores, 2019.

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/22/opinion/1503395946_889112.html

https://www.youtube.com/watch?v=ehqZHTX21kg&t=373s

https://www.youtube.com/watch?v=ejHhBVJ1B3M&t=11s

https://catracalivre.com.br/cidadania/mulher-que-postou-video-fake-de-caixao-vazio-pode-ser-presa-por-9-anos/

https://www.infoescola.com/filosofia/espiral-do-silencio/

 

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