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Agricultura versus Alimentação na era digital

Ao retornar ao Espírito Santo, após receber o prêmio de primeiro lugar na categoria Ater Digital, em Brasília, durante o XIV Congresso Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica, Extensão Rural e do Serviço Público Agrícola do Brasil (Confaser), me desafiei a escrever as próximas linhas, acreditando que o conhecimento precisa ser socializado para ser multiplicado.

Entre tantos temas e palestrantes importantes, me chamou a atenção a palestra Magna do Professor PhD. Sérgio Schneider da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em resumo, a tese defendida pelo professor foi colocar no centro do debate a alimentação.

Para quem é da área agrícola, sabe que pouco ou quase nada se fala sobre alimentação, exceção merecida de registro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Historicamente, o que foi impulsionado foi a agricultura per si, especialmente sobre a quantidade do que é produzido no campo. Produzir mais, a qualquer custo, inclusive os custos ambientais, sempre foi o horizonte a ser perseguido. Recentemente, os profissionais progressistas do setor, tentaram desviar desse caminho e começaram a falar sobre desenvolvimento rural, sustentabilidade e um pouco sobre a qualidade dos produtos agrícolas.

No entanto, como Schneider afirmou, o debate é outro. É sobre a alimentação. E, por quê? Entre tantas justificativas possíveis, talvez a mais simplória é a de que falar de alimentos interessa a todos, sejam do campo ou da cidade. Sejam produtores ou consumidores. E muito se deve ao avanço da urbanização.

É crescente o interesse dos consumidores que não compram penas pelo critério de preço, mas querem saber de onde vem o alimento, quem o produz e como são produzidos. Querem inclusive conhecer, se possível, o local onde são produzidos. As pessoas das cidades estão muito preocupadas com suas dietas e buscando cada vez mais se distinguir pela alimentação que fazem. Muitos programas de TV ligados à gastronomia são exibidos diariamente nessa direção.

Tudo isso cria uma enorme janela de oportunidades para quem está no campo, em especial, para os agricultores familiares. Essas oportunidades se potencializam por meio das tecnologias digitais que aumentam a rapidez da comunicação entre campo x cidade ou rural x urbano.

Um exemplo concreto é o projeto “Feira na Palma da Mão” que está sendo coordenado pelo Incaper com a premissa de possibilitar a venda direta dos produtos agrícolas por meio de um aplicativo.

Na mesma perspectiva apresentada pelo professor, também acreditamos que a alimentação na era digital pode abrir muitas oportunidades de negócios e mercado para os agricultores, que beneficiam também os consumidores.

Portanto, é nessa lógica, orientada pela demanda, que os produtores rurais e profissionais das ciências agrárias, associados a outros profissionais, entre eles os nutricionistas, deverão estar atentos. Isso inclui a transição para o estímulo de sistemas alimentares sustentáveis adequando o que e como vai ser produzido no campo de acordo com movimentos ditados pelas cidades.

Parece ser esse um futuro que já bate à porta. Um futuro que chega na velocidade digital.

Luiz Carlos Leonardi Bricalli

Mestre em Extensão Rural e Presidente da Associação dos Servidores do Incaper

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