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Carrinho

A ATER e a Agricultura Familiar como política pública para o desenvolvimento sustentável local e territorial

Adolfo Brás Sunderhus*

A produção de alimentos em sua evolução histórica passou por diversas “evoluções” sociais, produtivas, econômicas, de mercado e ambiental, tendo como protagonistas os/as agricultores/as familiares e os diversos “governos”, organizadas a partir da década de 60, e com o ensino, a pesquisa e a extensão como seus pilares fundamentais.

Com a revolução verde as universidades, assim como as instituições de pesquisa e de extensão rural, tornaram-se os principais propulsores deste modelo de crescimento econômico pela produção, tendo a introdução de pacotes tecnológicos direcionados para utilização intensa dos “insumos modernos” e máquinas com foco no aumento da produtividade, da produção final e na geração de riqueza.

Sob este manto nasce o sistema de extensão rural, com forte influência norte-americana, que visava superar a “agricultura atrasada” aqui vigente. Neste sentido, iniciou-se um forte processo de “educação” do/a agricultor/a, não no víeis de sua cultura, mas no sentido de prover e implantar sob qualquer preço uma inversão em seu sistema produtivo, pelo uso dos insumos industrializados, de máquinas e de equipamentos. Tendo como “verdadeiro” que o uso desses “insumos modernos” levaria o/a agricultor/a e sua família a saírem da estagnação produtiva, a saírem de uma agricultura atrasada para a modernidade de produção, levando a uma nova dinâmica social e de mercado, vendendo o “sonho” de produzir e vender mais com melhor qualidade e maior retorno de capital.

Adota-se como modelo de desenvolvimento uma agricultura de base tecnicista, que leva em consideração apenas os processos técnicos de produção sem observar as relações e questões culturais e o saber geracional do/a agricultor/a e de sua família, suas relações sociais e com os ecossistemas de produção. Na prática, esse modelo tem como objetivo divulgar e implantar a todo custo um novo conceito de produção de alimentos sem que sejam observadas as experiências e os objetivos das pessoas e das famílias que estão sendo envolvidas e atendidas por esse novo “modelo”.

Como definição a extensão rural é um processo educacional que busca interpretar e responder, de maneira apropriada, as mensagens de mudanças que interessam à promoção do desenvolvimento sustentável, a partir das forças vivas que o integram. Trata-se, portanto, de estender a todos e todas que fazem parte da roça conhecimentos e habilidades que atendam as reais necessidades dos/as agricultores/as e de sua família, que possam oportunizar mudanças sociais e produtivas para melhoria da qualidade de vida e de vida com qualidade.

Portanto, o grande desafio da ATER, enquanto política pública de Estado, é justamente em desenvolver processos e estratégias participativas que oportunizem a inclusão dos/as agricultores/as familiares como os/as principais protagonistas dessa política pública, a partir de sua visão e interpretação à aplicação de novas tecnologias, tornando-os/as agentes ativos do processo, valorizando seus saberes e conhecimentos e respeitando suas necessidades.

É necessário estabelecermos um procedimento de pesquisas e de transferências tecnológicas de natureza dialógica e dinâmica que valorizem a experiência e as práticas do/a agricultor/a familiar, contribuindo para o fortalecimento de conhecimentos entre pesquisa e agricultor/a, sendo ambos estimulados ao trabalho coletivo na construção de saber e conhecimento, princípio este que valoriza e fortalece o processo participativo das pessoas que nele estão envolvidos.

* Engenheiro agrônomo, operário da terra, aprendendo com as práticas e experiências dos/as agricultores/as familiares.

Fonte: https://prosanaroca.wordpress.com/2021/07/15/a-ater-e-a-agricultura-familiar-como-politica-publica-para-o-desenvolvimento-sustentavel-local-e-territorial/

 

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