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Semeando o conhecimento 

Os/As Extensionistas do Incaper são a força de trabalho que garante a execução das políticas públicas e são a ponte entre os/as agricultores e as tecnologias e juntos compartilham e criam conhecimentos para o desenvolvimento da agricultura familiar a preservação do solo e do meio ambiente. 

A Assin conversou com a economista Patrícia Ferraz, extensionista rural que já trabalhou em políticas públicas de acesso ao crédito, programas de compras governamentais e de redução da insegurança alimentar e da extrema pobreza na área rural.

Atualmente, Patrícia trabalha na Seag, como coordenadora de projetos voltados para a valorização, trabalho e renda das mulheres rurais e da pesca, além de desenvolver uma pesquisa voltada para o desenvolvimento e avaliação de um sistema de Ater digital. Ela nos conta que, durante o mestrado, estudou como as transformações sociais e culturais advindas da atividade de turismo rural na região das montanhas capixabas influenciaram em mudanças nas relações de gênero no campo.

Outro ponto interessante que Patrícia destaca é como a tecnologia tem contribuído para o trabalho da extensão rural e como esse avanço se deu na época da pandemia, no qual os encontros presenciais tiveram que ser pausados. 

Confira na nossa entrevista:  

Qual a importância da extensão rural para o desenvolvimento da agricultura familiar?

Sabe-se que para o desenvolvimento rural e da agricultura familiar, não basta apenas a existência e a difusão de novas tecnologias, de políticas públicas e de técnicas de produção. Para o desenvolvimento desse setor é necessário um processo que envolve fatores sociais, culturais e políticos. Esse processo é construído pela extensão rural com o seu trabalho educativo e participativo de mobilização da coletividade e de adaptação e aplicação dessas inovações disponíveis de acordo com as potencialidades e características locais.

Qual história você já viveu na sua profissão que você vai levar para sempre como aprendizado?

São muitas histórias de vida que encontramos na extensão rural e todas elas nos marcam de alguma forma. Em especial, guardo na memória a história de um casal de jovens agricultores, nascidos e criados no campo, que mesmo trabalhando muito não conseguiam ter a renda e a qualidade de vida adequada e sonhada por eles. 

Por meio de um trabalho integrado de extensão rural, realizamos um processo de mobilização, capacitação, certificação orgânica e inserção do casal em feiras orgânicas na Grande Vitória. Atualmente, eles se encontram em uma condição de vida muito superior e dentro de uma atividade que se identificam e gostam. Sempre me sinto muito feliz e grata quando tenho o prazer de encontrá-los nas feiras e relembro todo esse processo. 

Qual a importância do Mestrado na sua profissão?

 Meu mestrado foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa, e foi de extrema importância na minha formação por me apresentar as mais diversas abordagens, autores e temáticas relacionadas ao mundo rural, me fornecendo também os elementos teóricos e metodológicos para que eu pudesse entender a complexidade da extensão rural e atuar de forma mais assertiva e consciente dentro desse contexto.

Quais as principais dificuldades que você enxerga na Extensão Rural hoje?

Atualmente, trabalho principalmente com a coordenação de projetos voltados para as mulheres rurais, e nesse contexto é preciso compreender que a rotina dessas mulheres, na maioria dos casos, inclui cuidar das atividades domésticas, da alimentação da família, dos filhos, do trabalho na agricultura e das atividades do projeto, sem a rede de apoio que temos na área urbana. 

Nesse sentido, nossa principal dificuldade é desenvolver o projeto sem gerar conflitos familiares, negociando com seus parceiros e adequando as atividades à realidade e rotina das mesmas. 

Como a pandemia impactou a extensão rural? Hoje há mais uso das tecnologias e atendimentos virtuais?

A pandemia impossibilitou durante quase dois anos as visitas às propriedades rurais e o atendimento presencial dos agricultores e acabou colaborando para o fortalecimento e institucionalização de um tipo de atendimento remoto que já era realizado pelos extensionistas por meio do telefone e do WhatsApp.

Entendo que essa mudança veio para ficar e que será cada vez mais frequente, ora como mais uma ferramenta de atendimento dos agricultores, ora como parte do atendimento realizado.

No mundo globalizado e digital em que vivemos, o trabalho da extensão rural tem sido fortalecido pela ampliação da disponibilidade e do acesso à telefonia móvel e à internet nas áreas rurais. A Ater digital tem o potencial de possibilitar um relacionamento aproximado entre oextensionista e os agricultores,além de expandir e fortalecer as redes, aumentar capacidade de lidar com emergências, reduzir custos de viagem e maximizar os resultados,ampliando a eficiência das atividades. 

Quais foram os avanços recentes na área da extensão rural?

O principal avanço, na minha concepção, foi a criação e fortalecimento de políticas públicas de acesso ao crédito rural e a comercialização, voltadas para agricultura familiar, que possibilitaram a essa categoria sua inserção em novas atividades, a realização de investimentos em suas propriedades e o acesso ao mercado, além de promover uma maior integração entre o rural e o urbano e a participação de agricultores em espaços que, antes, eles não tinham acesso.

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