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A medida do descaso, diante de uma gestão sem compromisso com a assistência técnica, a extensão rural e a pesquisa pública no Espírito Santo

Por 23 de novembro de 2016Coluna dos Associados

Ser trabalhador da assistência técnica da extensão rural e da pesquisa pública no Estado está muito além de transferir e gerar tecnologia. É uma ação libertadora que constrói conhecimentos, contribuindo para formação do cidadão da roça e na luta pelos seus direitos.

No dia 16 de novembro, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) comemorou 60 anos junto à sociedade capixaba, articulando ações em prol do agricultor, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar no Espírito Santo, propiciando a aproximação dessa riqueza natural e cultural com a cidade.

Inobstante, os anos de serviços prestados com êxito, a existência do Incaper encontra-se ameaçada. Prova disso é o descaso contemporâneo situado na fala e nas ações do diretor-presidente do Incaper, Marcelo Suzart de Almeida, quando afirma, após breve reconhecimento desta história, que “para os próximos 60 anos do Incaper, quebra de paradigmas e interdependência são as palavras de ordem

Pregando um discurso de que é preciso “garantir e gerar oportunidade aos jovens do campo pela sucessão familiar” e “fortalecer o protagonismo do Incaper no agronegócio capixaba”. Em sequência, afirma que “o Incaper é uma instituição com um capital humano muito qualificado em todas as áreas de atuação.

Diante de preleção tão farta, entusiástica era de se entender que este gestor tem um forte compromisso com o Incaper e com os trabalhadores da Assistência Técnica da Extensão Rural e da Pesquisa Pública no Estado. Esta, todavia, é uma realidade longe da atualmente vivenciada pela autarquia e seus servidores.

Na verdade, o discurso do Senhor Marcelo na comemoração dos 60 anos do Incaper é uma clara demonstração do seu pouco conhecimento dessa instituição pública, principalmente quando é público e notório que o foco da autarquia é o atendimento ao agricultor familiar e não à indústria do agronegócio.

Sua gestão coloca em curso um processo de desestruturação e depauperação do Incaper, marcada pela redução do seu orçamento pelo governo do Estado, comprometendo a ação extensionista cidadã, marca registrada destes 60 anos, gestão esta, caracterizada por práticas intimidativas junto aos servidores, com a clara intenção de cerceamento dos direitos legais de participação destes em eventos de natureza sindical e associativa, ferindo e desrespeitando as legislações vigentes, numa demonstração de sua falta de capacidade administrativa e gerencial necessária à frente do comando desta autarquia.

Mas, como extensionistas, não seremos vencidos por gestores públicos sem história e sem compromisso com o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e camponesa do Estado. Somos “críticos, corajosos, teimosos, pacienciosos, perseverantes e com uma enorme capacidade de luta”. E por isso, comemoramos sim, pois esta é a nossa história e a nossa perseverança na defesa destes ideais. Não será um gestor e um governo sem história e compromisso com a Ater e a pesquisa pública e com a agricultura familiar e camponesa do Estado pelos próximos 60 anos que irá mudar essa história.

 

Autor: Adolfo Brás Sunderhus, engenheiro agrônomo, Coordenador Executivo da Federação Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica, da Extensão Rural e do Serviço Público Agrícola do Brasil (Faser)

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