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Outono: Poesia, alegria e transformação

Por 20 de março de 2021Assuntos Gerais, Coluna dos Associados

Tom Jobim nos trás:

“São as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no meu coração”.

Após a noite vem o dia. E, sim, vale a pena se libertar para viver uma nova liberdade. Assim são as estações em toda sua força natural.

Pensar por meio da poesia nos remete que a nova estação termina um ciclo com as águas fechando o verão. Mas, na verdade, vamos trilhando por um caminho virtuoso que nos mostra a vida seguindo em sua plenitude, abrindo uma nova estação e um novo momento em nossas vidas.

Cada estação trás e deixa mensagens e convites, desafios, oportunidades e aprendizados, que vão se somando durante o seu ciclo e, no final de 365 dias, deixam um acúmulo de sabedoria e experiências vividas e experimentadas, tornando-nos mais íntimos, nos levando a uma certeza: não somos parte, somos integrantes do ambiente em que vivemos, e neste ambiente somos donos de nossa história.

O outono tem como característica trazer novas posturas e aprendizados para a vida e para o conviver, enriquecendo nossa inteligência, nossa sutiliza, nossas intuições e nossa compreensão e ponto de vista diante de nossa realidade.

Este tempo intermediário formado pelas “águas de março” e a grande riqueza que nos leva ao outono. São as águas que correm, como diz o poeta, com sua chuvinha mansa e persistente, resfriando de forma contínua o tempo, aos poucos, de mansinho. Junto trás toda poesia e a clássica imagem traduzida pela queda das folhas das árvores parecendo até os mais desavisados como uma perda. Mas, longe disso, se as árvores não as deixassem seria impossível sobreviver à próxima estação que, diante do frio intenso do inverno que já se avizinha, iriam queimar e se findaria o ciclo natural deste ser vivo, de forma brusca e violenta, cujo resultado seria a morte.

E desta forma a natureza em seus ciclos mostra toda sua sabedoria e humildade: vivemos a entrega que deixa ir o que já não serve mais para proteger o seu futuro. Ganha mais um tempo de vida, renovada e forte para as novas estações.

Assim é o outono. Forte e acolhedor. Sábio e criando oportunidades. Comprometido com novos projetos e com o futuro da vida. Na verdade é um ciclo para recolhimento e reflexão pessoal e espiritual, onde as noites e os dias têm o mesmo tempo que significa “dia igual à noite”. Um fenômeno dos mais belos que podemos encontrar na natureza, a estação ideal para nos relacionar melhor com o eu e com os nossos demais grupos sociais, de trabalho, de amigos, parentes e família.

Na verdade, esta estação é como dois pólos em sintonia, que valoriza o crescimento interior, tendo a imagem refletida como complemento da imagem projetada, em comunhão, união e buscando a perfeição e a felicidade. O outono nos intima a questionar se o medo e a duvida estão impedindo de realizarmos nossos ideais, nossos sonhos e objetivos.

O outono permite a construção, na medida certa, do espaço de reflexão necessário para uma tomada de consciência mais madura e com mudança interior de atitudes e comportamentos, para com o ambiente social e as relações em que estamos em convívio diário e permanente.

Nos trás a certeza de que precisamos estar sempre preparados para esta estação, para a que virá a seguir, e para todas as outras, pois somos partes deste ciclo virtuoso e desta vida.

Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus, engenheiro agrônomo, extensionista rural aposentado do Incaper, operário da terra. Aprendendo com o saber das famílias da roça, suas práticas e experiências. Escrevo o que acredito e o que sinto.

 

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